Apesar de ser responsável por 85,7% das viagens realizadas por meio do transporte público, o ônibus não recebe do Poder Público o mesmo tratamento oferecido ao transporte sobre trilhos. A avaliação é do presidente executivo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), Otávio Vieira da Cunha Filho.
A comparação, segundo ele, baliza o que considera dois pesos e duas medidas na mesma rede de transporte, mesmo com as diferenças entre um modal e outro. Otávio Cunha argumenta que, ao contrário do metrô, o ônibus segue sem perspectivas de sair do imbróglio da tarifa, única fonte de financiamento do sistema.
“O valor das passagens (de ônibus) nunca será suficiente para bancar todos os custos do serviço, e os reajustes estarão sempre aquém do exigido para o salto de qualidade esperado. No transporte por trilho, o custo de implantação e de operação é alto em relação ao ônibus, mas essa equação já vem resolvida na concepção do projeto”, sustenta, em artigo publicado na Revista NTUrbano.
Subsídio
O presidente da NTU acrescenta que a tarifa pública do metrô é definida politicamente e se sustenta pela alta subvenção que é dada, inclusive para eventuais gratuidades, ao contrário do ônibus.“Então, a operação está sempre paga. E o poder público banca os benefícios e o complemento dos custos da operação”, complementa.
E questiona: “Por que a prática não vale para todos os modais? Por que as redes de transporte público por ônibus não têm o mesmo nível resultante da fórmula de funcionamento adotada para o trilho? Por que essa qualidade, que pressupõe um tratamento diferenciado para o trilho, não é estendida aos demais modais?”. São questionamentos, segundo ele, sem respostas até o momento.